Isaura Suélen Tupiniquim Cruz: novo solo de Isaura Tupiniquim

ISAURA SUÉLEN TUPINIQUIM CRUZ é um solo de dança de Isaura Tupiniquim com direção de Leonardo França e colaboração de Sheila Ribeiro. Estreiou em Salvador em 26 de maio e a temporada continua este final de semana, nos dias 2, 3 e 4 de junho, no teatro Gregório de Mattos. A criação e a montagem resultam do projeto “Como ser guru de si mesma?”, contemplado pelo Edital Setorial de Dança 2016, tendo apoio financeiro do Governo da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia. Batemos um breve papo com a Isaura depois do show e fizemos umas perguntas para ela:

Como surgiu a colaboração entre você e o diretor Leonardo França?

Isaura: Eu e Leo nos conhecemos na universidade, nos formamos juntos. Mas nossa aproximação se deu mesmo um pouco depois quando percebemos durante algumas conversas muitos interesses em comum na relação com a cidade, a violência o erotismo e ideia de experiência, entre outras tantas coisas. Falei com ele algumas vezes que gostaria de ser dirigida por ele num solo meu. Depois que ele me convidou para participar de Looping (trabalho em parceria com Rita Aquino e Felipe Assis) e do filme dele Minotauro, voltamos a falar sobre essa possibilidade de direção. Ele me apresentou um interesse latente por moda um pouco a partir do encontro dele com Sheila Ribeiro em “Chamando Ela” (livro de fotografia que está entre a moda, a arquitetura, performance e cidade), eu falei do desejo de criar algo a partir do meu nome e fomos juntando os desejos conhecimentos para a criação do solo Isaura Suélen Tupiniquim Cruz. Admiro muito o Leo pela capacidade dele de dialogar com coisas bem distintas desde as experiências com arte popular e erudita ou contemporânea, marginal ou centralizada, a alta costura na moda, a criação em dança ou cinematográfica a sua ótima habilidade como ator e como músico… Eu, mesmo sendo criadora das minhas próprias coisas em dança também sempre me senti bem como intérprete, por isso, desejei muito para esse trabalho ter um olhar de fora que propusesse procedimentos que pudesse me ajudar a configurar as ideias e devaneios que fizesse com que ações fossem criadas a partir de experimentações e conversas, etc. Nosso encontro foi muito potente nesse sentido, com isso consigo ver nós dois nesse solo.

Foi interessante ver o seu uso de texto falado neste solo, algo que não temos visto antes no seu trabalho. Porque você decidiu integrar texto com este solo?

Isaura: Há algum tempo tenho tido interesse no uso da voz nas minhas performances, iniciei isso com Ópera Nuda através de ruídos e galimatias, mas de fato nunca inseri textos inteligíveis. Nunca gostei muito de dança com texto, nunca gostei muito de recitais ou mesmo de teatro, sempre achava o texto algo que exigia muito da minha concentração e interesse. Na experiência musical que tive com o projeto Remontando Fawcett (show com músicas de Fausto Fawcett), achei uma delícia mergulhar no texto literário musicado, embalado, ritmado. Além de estar mais envolvida num contexto de poesia da cidade por meio dos encontros no Dominicaos (evento emcabeçado por Orlando Pinho), e por estar casada com o poeta Zéfere que adora poesia slam. Daí que, durante o processo de ISTC não estávamos fechados a nada, tudo cabia como experimentação se nos ocorresse, e, na mesma semana, tanto o Leo como uma amiga Maíra Di Natale me enviaram o texto de Wally Salomão “Na esfera da produção de si mesmo” numa aproximação imediata com o nome do projeto que chama “Como ser guru de si mesma?”. E considerando a fome de multiplicar-me por meio de dramaturgias para o meu nome, a fome de tornar-se no que não se é, de Wally, era praticamente o release do trabalho. Quando li, achei impressionante como fazia sentido aquele texto para o que estávamos fazendo, e, em um dos laboratórios de criação, Leo levou um microfone e comecei a dizer pedaços do texto junto com outras coisas. Nesse momentos estávamos descobrindo as nuances da ideia de show que queríamos acessar e eu levei para nosso processo a Laurie Anderson como referência dessa coisa falada musicada, assim como Grace Jones que também já era referencia para nós, a partir disso comecei a testar dizer esse texto em diferentes qualidades experimentando bases e variações para ele.

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Conferem os detalhes e agendem-se!

ISAURA SUÉLEN TUPINIQUIM CRUZ

um solo de Isaura Tupiniquim
com direção de Leonardo França
e colaboração de Sheila Ribeiro

TEMPORADA DE ESTREIA
26, 27 e 28 de maio
2, 3 e 4 de junho
Sempre às 19h
No Teatro Gregório de Mattos
R$ 10 e R$ 5

Foto: Elza Abreu

 

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