Debrum
Cresce qual hera a espera
como de chumbo
a gola Peter Pan
filó secretado
Ancorado nada
ancorado nada cresce
Como hera
Temos esperado
Quando possível
Sesteado
Após o almoço, sonhado
Mesquinharias
Vigia,
vigia as horas circunstantes
Nossas palavras caem
como caem as bocas
segundo princípios idênticos
Farta-se delas
O fosso da orquestra
*
Metamórfica
Agora tentará inversões simples.
Carcerar a casa.
Crismá-la para nunca mais.
Ali onde cumulam os sapatos,
onde embolora
o manto. Nenhum sagrado
Mistério e nada se arqueia.
Talvez a retesada ronda
da noite.
Agora tentará meter a casa
na pouca assolação
entre o roupeiro e o teto,
meter a casa
num gato fugido.
*
nesta casa repare
as distâncias
estão feitas
dispõem-se
nem noturnas
nem distantes
relógio que não
germinando
patas nenhum
deslocamento dará
toalhas e frascos
vazios nos gestos
nenhum
enfumaçamento
nos gestos frascos
vazios ações
límpidas
propositadas
finais
ISMAR TIRELLI NETO
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Ismar Tirelli Neto (Rio de Janeiro, 1985) é escritor. Vive e trabalha atualmente em Curitiba.
Crédito da foto: Gustavo Marcasse