“Ori” – Guellwaar Adún

 

Ori

Apanhei três folhas de papel,
em cada uma, vestígios de intimidades,
coloquei-as no tempo,
macerei-as,
rezei-as e fiz um banho com palavras
que escutei quando sonhava

peguei um pé de cabra,
orelha de um livro velho,
dois dedos de prosa antiga
e asas.
juntei, mandinguei

 

Guellwaar Adún

no livro “Desinteiro”
(Editora Ogum’s Toques Negros, 2016)


Guellwaar Adún é poeta, nascido e criado na Baixada Fluminense. Desde 1988 na Bahia: ele já foi Maloqueiro (grupo de teatro de rua), educador e supervisor pedagógico do Projeto Axé, já deu aula no Instituto Cultural Steve Biko, Instituto Oyá e está hoje à frente da Ogum’s Toques Negros, editora que fortalece a literatura negra, publicando de José Carlos Limeira a Miriam Alves. Do Ilê Aiyê se tornou compositor e fez história, ganhando três vezes o Festival de Música Negra. Compôs para outras agremiações carnavalescas baianas, tais como Filhos de Gandhy, Malê Debalê, Mulherada, Filhos do Korin Efan. Publicou nos Cadernos Negros, na coletânea poética Ogum’s Toques Negros e lançou, em 2016, seu primeiro livro solo, o “des in teiro”. Editou mais de uma dúzia de livro na Editora Ogum’s e tem sonhos para além do alcance das mãos, editorialmente falando, seguindo os passos de seu mestre ancestral Francisco de Paula Brito, driblando os racismos institucionais presentes nos caminhos das letras.

Os livros de Guellwaar Adún e outros livros da Ogum’s Toques Negros estão disponíveis na livraria Boto-cor-de-rosa.

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Crédito da foto: Antonio Terra

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